segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Perfil da Professora Santa Helenita da Silva Lopes

Professora Santa Helenita da Silva Lopes - Leciona Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental da Escola Municipal Ruy Ramos, em Sertão Santana.












MEMORIAL




Comecei minha vida de leitora aos sete anos. Antes ninguém me incentivara a importância da leitura.


Tudo começou quando cheguei na escola para ser matriculada, e na parede da sala tinha vários quadrinhos que contavam as histórias de Branca de Neve e os Sete anões e Chapeuzinho Vermelho, fiquei enlouquecida para saber o que estava escrito abaixo de cada gravura, mas tinha que esperar, pois não sabia ler.
Primeiro dia de aula, tudo ótimo, ganhamos a Cartilha Ler a jato fiquei encantada era o meu primeiro livro, mas no final da aula veio a decepção: a cartilha tinha que ficar na escola.
Quando comecei a formar as primeiras sílabas, corri para a sala da matrícula para ler a história em quadrinhos.
Começa então a magia da letras, palavras, livros, gibis e outros.
O tempo passou, chegou o magistério e o sonho de ser professora estava próximo.
Poucos livros, muitos planos de aula, a leitura era tão pouca, que nem me lembro de nada marcante. Nesta época li muitas revistas, moda, artesanato, novelas, etc...

Por falta de tempo, fiquei envolvida só com o lar, mas só por dois anos e comecei a tão sonhada profissão de ser professora.
Alguns anos depois, vem a necessidade de estudar, começar de novo. Esta foi a estapa melhor de todo os meus estudos, o Ensino Superior. A cada dia mais eu aprendia e mais gostava. Foi nesta etapa em que a leitura fez a diferença na minha vida, foram vários livros e um conhecimento fora do comum e com isso o hábito de ler e fazer com que meus alunos tomassem gosto pela leitura, pois eu tinha argumentos para incentivá-los o quanto a leitura é importante.

Perfil da Professora Rosiani Schranck

Professora Rosiani Schranck - Leciona História e Língua Portuguesa para o EJA, na Escola Municpal Ruy Ramos e trabalha como supervisora na Secretaria de Educação do Município de Sertão Santana.







MEMORIAL

Esta é uma tarefa bastante difícil, não me lembro dos primeiros anos de estudo, não entendo o porquê, mas enfim vamos partir de onde está minha lembrança. Estudei as séries iniciais na Escola Municipal Castro Alves no Município de Mariana Pimentel, onde morava. Lembro a partir da 3ª Série, onde estudava com todas as séries na mesma sala, não entendia, talvez seja este motivo por não lembrar. Lembro de alguns fatos que me marcaram muito como, por exemplo, chorava muito por não saber escrever letras cursivas, dizia minha professora que só poderia aprender escrever a partir da 4ª série, também não poderia escolher os livros para leitura, somente os que a professora determinava. Pedia para os meus pais comprarem e diziam eles que livrinhos com desenho não iria dar nota, além de não terem condições financeiras. Gostava muito de contar história, mas a professora não deixava, não era hora e esta hora nunca chegava. Talvez seja este motivo por ter dificuldades na disciplina de Língua Portuguesa. Está sendo um desafio trabalhar com esta disciplina na 5ª série da EJA, talvez seja momento de superar as dificuldades das séries iniciais.
Bem, agora estar na 5ª série, no ginásio, foi algo muito importante, significava sair da Escolinha do interior para ir para cidade. No primeiro dia de aula, com muito orgulho, estar em uma turma de 38 alunos, entra na sala de aula a professora de Moral e Cívica, disciplina desconhecida, mas tudo bem. A professora deu um bom dia, disse seu nome, com pouca vontade, e só falava na distância que ela fazia para estar ali. Começou sua aula escrevendo no quadro as datas comemorativas de cada mês, achei o máximo. Eu, muito feliz por estar no Colégio do Centro, falei para professora que o mês mais importante para mim era outubro porque tinha o mês da criança e do professor, a professora deu um grito se virou e começou a xingar, perguntou se eu era “cega”, que eu estava colocando a “carroça na frente dos bois”, o mês que ela estava era setembro , foi horrível , tudo perdeu o sentido, não fui vários dias, quase perdi o ano letivo. Até hoje ficou marcado em minha lembrança. Os anos foram passando, e conclui o Ensino Fundamental. Fui para o Ensino Médio, Auxiliar de Contabilidade, não era o que eu desejava, mas é o que a cidade oferecia, foi muito bom. Os anos se passaram, comecei dar aulas sem formação, mas logo fiz as disciplinas de didática e me formei no Magistério e tive a certeza que ser professora é maravilhoso. Mas a grande certeza era buscar a formação na Universidade, na disciplina que eu mais gostava: História. Isto aconteceu anos mais tarde. Casei tive três filhos, o primeiro foi uma menina linda com problemas neurológicos (encefalopatia crônica) que me fez muito feliz e enxergar o Mundo com outros olhos. Faleceu há oito anos, com treze anos de idade. Mesmo enfrentando muita luta para dar qualidade de vida para minha filha, iniciei a faculdade de História e realizei meu grande sonho. Hoje, fiz a pós-graduação em Psicopedagogia Institucional

Perfil da Professora Elenara Litz

No encontro do dia 04/08/09, pedi às professoras que fizessem seu Memorial de leitura. Aqui estão, juntamente com o perfil de cada uma delas.





PROFESSORA ELENARA LITZ



Minha Caminhada Escolar - do Ensino Fundamental ao Superior




Quando dei meus primeiros passos na caminhada escolar eu não havia completado a idade certa, exigida na época, que foi na década de oitenta.


Lembro-me que meu irmão, quase dois anos mais velho que eu, foi matriculado e começou a frequentar à escola, e eu ficava observando ele pegar os materiais e sair para estudar. Eu queria ir junto com ele, mas tinha apenas cinco anos de idade, como na época o colégio não oferecia pré-escola, eu teria que esperar um ano para então poder ser estudante.


A vontade de estudar era grande, e eu pedia para meus pais que permitissem que eu fosse à escola juntamente com meu irmão para poder ficar observando ele e seus colegas estudarem, comprometendo-me que não iria, em nenhum momento, atrapalhar. Tamanha era a minha insistência em ir à escola, que meu irmão prometeu que me levaria no dia seguinte, mas qual foi minha decepção ao acordar e perceber que ele não tinha me chamado como havia dito no dia anterior. Quando levantei, ele estava saindo, pedi, implorei para que me esperasse, mas ele disse que estava atrasado e se foi caminhando. Lembro-me que chorei muito, doeu ser enganda, pois a minha única vontade era fazer parte daquele universo de aprendizado.


Como mimha mãe percebia essa vontade de poder ir ao colégio, ela falou com a professora, pedindo se eu podia frequentar as aulas sem possuir matrícula. Para a minha felicidade a professora permitiu que eu participasse das aulas, salientando que eu não iria ter matrícula, portanto não iria participar de todas as atividades propostas, pois a minha idade não era adequada para a série, e que, se eu fosse alfabetizada, não poderia ser promovida para uma segunda série. E não aconteceu diferente, eu era uma aluna assídua e adorava aquele espaço novo, cheio de novidades, estar em meio aos outros, fazer as atividades que a professora passava em meu caderno para eu completar, enfim, fui alfabetizada nesse período.


No ano seguinte, devidamente matriculada, repeti tudo o que havia visto no ano anterior. A minha escola era pequena, tinha somente uma sala de aula e todas as séries estudavam no mesmo espaço. Eu prestava atenção quando a professora explicava a matéria da segunda, terceira e quarta série, então não apresentava dificuldades nos anos seguintes. Esse período, entre a primeira e quarta série, foi muito marcante, sempre fui esfoçada e dedicada, apresentado somente certas dificuldades em matemática. Apenas na terceira série que senti medo e pensei que fosse reprovar em matemática, mas com esforço e dedicação passei para a quarta série.


Na escola em que estudei, nesse período, não havia biblioteca, somente no fundo da sala havia uma estante pequena, com poucos livros, eram livros didáticos, mas que chamavam minha atenção. E sempre que sobrava algum tempo, eu ia folheá-los para ver as figuras que continham em seu interior. A recordação mais clara que eu tenho em minha mente é de um Gibi da Turma do Bolinha e da Luluzinha que eu possuía e adorava ler as histórias contidas nele.


Acabado esse período, deveria frequentar a quinta série e seria em outra escola, a mesma que meu irmão e outros colegas já estavam estudando, na quinta série. Eu queria poder estudar em uma escola maior, com uma biblioteca grande e também poder participar de apresentações realizadas nas Festas Juninas, no Desfile de 07 de setembro, enfim estava ansiosa para que chegasse o início do ano letivo. Mas, meu irmão cabou reprovando na quinta série e não queria mais estudar, devido a isso eu também interrompi meus estudos e foi muito frustrante , o que eu havia sonhado, imaginado e pretendia, acabou sendo adiado por alguns anos. Parei de estudar, mas sempre tinha em minha mente que um dia eu iria voltar a estudar e conquistar os meus objetivos. Passaram-se então nove anos, e eu, já com dezoito anos, decidi voltar para a sala de aula. Mesmo durante esse período, afastada do espaço escolar, eu procurava ler muitos livros, as chamadas literatura de massa, que eram livros emprestados e que contribuíam para o meu crescimento como pessoa, instigando-me a buscar mais.


Os últimos anos do ensino fundamental, concluí em Porto Alegre, cursando o Supletivo e posso dizer que foi uma nova fase que se fez presente em minha vida, marcada por momentos que contribuíram para eu dar mais um passo rumo as minhas conquistas. Na época eu não conhecia muito bem a cidade e tive que me esforçar nos dois anos e meio em que viajava todas as semanas de minha cidade até o colégio. Era diferente a maneira como estudávamos, pois não era em uma sala de aula normal. A matrícula era realizada por disciplina, e elas eram eliminadas uma a uma. As aulas eram marcadas com o professor da disciplina, e ele entregava os módulos, explicava e então eu estudava em casa. Na semana seguinte, eu ia tirar dúvidas e fazer a prova. Lado positivo de estudar dessa maneira era que não misturava as matérias, e agilizava o processo de aprendizagem, o lado negativo é que não tínhamos colegas, pois as aulas eram individuais.


Eu gostava muito de ir à biblioteca da escola, e ela dispunha de muitos livros, apesar do material que eu deveria estudar, sempre levava um livro para ler. Novamente as dificuldades surgiram em matemática, eu tinha muitas dificuldades em aprender, entender os cálculos, e por medo de não conseguir passar por ela, pedi ajuda a um professor particular, e graças a essa ajuda , consegui ultrapassar mais um obstáculo. Foi uma alegria muito grande quando recebi o certificado de conclusão de ensino fundamental, mais uma etapa vencida.


No ano de 1999 cheguei ao Ensino Médio, o qual eu frequentei em uma escola normal e para mim eram mais três anos de caminhada. Nessa época, eu tinha vinte e um anos, sendo que no início eu estranhei estar em meio a colegas que eram adolescentes que não sabiam exatamente o que pretendiam. Para mim, confesso que foi diferente esse novo ambiente, pois era o oposto do qual eu viera, mas não apresentei dificuldades de adaptação. Fiz amizade com todos os meus colegas e professores. Nas aulas, o meu interesse voltava-se para o português, após ser apresentada à disciplina de Literatura, acabei me apaixonando pela mesma e sempre procurava saber mais. Eu já gostava de ler, com o tempo fui adquirindo mais o gosto pela leitura e sempre que podia ia à biblioteca retirar mais uma obra a qual eu lia em poucos dias.


Uma leitura que marcou bastante foi o livro É tarde para saber de Josué Guimarães. Através da leitura da obra eu deveria fazer um trabalho escrito e apresentar aos colegas, e lembro que foi muito gratificante para mim a leitura e realização do trabalho. Gostava muito das obras de Lya Luft, Ligia Fagundes Telles, Assis Brasil, sendo que nesse período li todas as obras que tinha na biblioteca, desses autores mencionados... O terceiro ano do ensino médio foi marcante devido às questões de formatura, viagem no final de ano, promoções que fazíamos como meio de arrecadar fundos para a viagem e formatura. Foi conturbado em alguns aspectos, discussões entre colegas, reclamações dos professores, pois só pensávamos em viagem, mas no fim acabou dando tudo certo. Concluí o ensino médio em 2001, e o dia da cerimônia de formatura foi um dia muito esperado e especial, pois, apesar de alguns anos perdidos, eu alcancei mais uma conquista.


No ano de 2002, prestei vestibular na ULBRA, unidade de Guaíba, queria continuar os meus estudos, aprender, conhecer, conquistar o meu espaço no mercado de trabalho.


No período da faculdade, sempre procurei ler todos os livros que eram solicitados pelos professores. Em literatura havia bastante leitura a fazer. Gostei muito de ler obras de José de Alencar, Machado de Assis, autores que enriqueceram a nossa literatura brasileira. A partir de todas as leituras e análises que deveriam ser realizadas e também devido ao fato de eu ter uma admiração muito grande por uma professora de literatura, cada vez mais eu tinha vontade de ler e compreender aquele universo de personagens criados pelos autores. A minha monografia de conclusão de curso realizei em literatua, fazendo uma análise temática de cinco contos de Ligia Fagundes Telles. Foi um trabalho que contribuiu para a minha formação licenciada em letras, mas também como leitora.


Atualmente estou no 4º semestre de pós-graduação, fazendo especialização em Metodologias de Ensino para Língua Portuguesa e Literatura, sendo que o curso exige mais leituras em metodologia de ensino, mas sempre reservo um tempo para ler os clássicos da literatura brasileira, livros de autores mais contemporâneos.

11º ENCONTRO DO GESTAR NO DIA 15/09/09

APRENDER PORTUGUÊS UNICAMENTE PELA GRAMÁTICA É TÃO ABSURDO COMO APRENDER A DANÇAR POR CORRESPONDÊNCIA (Mário quintana)

Neste encontro terminamos de analisar o TP5 - elementos de coesão. Para tanto, inicamos com a atividade "Criando um personagem", que foi realizada da seguinte forma:


Escrevam um nome de pessoa, homem ou mulher.
Escrevam o nome de um lugar distante.
Escrevam uma idade qualquer.
Anotem um espaço de tempo, sejam segundos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos etc.
Escrevam um número qualquer.
Escrevam um desejo qualquer, seu ou fictício.
Escrevam a palavra sim ou a palavra não.
Escrevam uma cor.
Escrevam um hábito que classificam como defeito.
Escrevam um certo valor em dinheiro.
Escrevam o nome de uma música ou de um grupo musical.
Escrevam o nome de um lugar muito próximo.

RESPOSTAS

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Primeiramente elas escrevem as suas respostas e depois relacionam com as novas perguntas abaixo. Além de estimular a imaginação dos nossos alunos ela também faz com que elels elaborem um texto com elementos de coesão.



Qual o nome do (a) seu (sua) noivo(a)?
Onde se encontraram pela primeira vez?
Qual idade tem ele(a)?
Quanto tempo namoraram?
Qual o número dos sapatos dele(a)?
Qual o maior desejo dele(a)?
É bonito (a) e inteligente?
Qual a cor dos olhos dele(a)?
Qual o pior defeito dele(a)?
Quanto dinheiro levarão para a lua-de-mel?
Qual a canção que gostariam de ouvir no seu casamento?
Onde vai ser a lua-de-mel?


Após lemos e discutimos o restante do TP5 e em seguida foi passada uma tarefa de casa, com um texto para empregar os elementos de coesão:

Abaixo estão algumas frases soltas. Utilizando essas frases e recursos de coesão, elabora um texto em que as ideias expostas se relacionem de maneira mais expressiva. Procura criar um texto com unidade, um texto coeso.

Governos experimentaram, no passado, muitos programas antiinflacionários. Os programas antiinflacionários passados fracassaram. Muitos governos se sucederam lutando contra o problema da inflação. Nenhum dos governos que passaram combateu continuamente a inflação. O governo atual conseguiu dominar a inflação. Há constantes crises econômicas. As crises econômicas abalam o mundo. As crises ameaçam o atual programa antiinflacionário brasileiro. A crise mais recente é a crise provocada pelo aumento do barril de petróleo. A crise do petróleo atinge a economia globalizada. A crise do petróleo pode comprometer o esforço do governo contra a inflação. O governo é firme e corajoso. O governo tem projetos. O governo vai manter a inflação sob controle.


No final deste encontro, solicitei que as professoras cursistas fizessem uma avalição do curso
até o momento e obtive o seguinte relato:

" No primeiro dia de aula levamos um susto, devido a grande quantidade de materiais que a professora nos entregou, bem como as diversas atividades a serem cumpridas durante o pouco tempo entre um encontro e outro. Com o passar dos dias e com a tranquilidade que a professora nos passou, nos sentimos mais aliviadas, para assim poder realizar as tarefas propostas com mais segurança.
Em relação ao conhecimento, foi de grande valia para as nossas ações em sala de aula, contribuindo para o crescimento da aprendizagem em conjunto com os nossos alunos.
O nosso grupo se sentiu mais motivado para trabalhar Língua Portuguesa, bem como abordar gêneros textuais que eram pouco conhecidos, e que foram sendo trabalhados e compreendidos pelo grupo." ( Professoras Elenara, Graziela, Rosiani, Santa Helenita e Fernanda)

Para finalizar este encontro, fizemos a técnica do bombom, demonstrando que necessitamos da ajuda uns dos outros.

O próximo encontro ficou marcado para o dia 13/10. Até lá!!!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MEMORIAL

MEMORIAL

Lembro-me que o primeiro contato que tive com livros foi maravilhoso. Não sabia ler ainda, mas achei aquilo tudo muito lindo: o livro do Bambi e do Pinóquio. Ganhei de presente de uma tia emprestada. Até então, não tinha tido grandes contatos com livros e nenhuma outra espécie de leitura. Não lembro de minha mãe contando histórias para mim. Acho que por eu não ter tido maiores contatos antes com a leitura, fiquei muito encantada. E foi bem na época que eu estava entrando na primeira série. O descobrir das letras e da leitura foi emocionante. A professora era excelente. Entrei para a escola em março e no mês de maio já sabia ler. Além de ser alfabetizada pela forma tradicional, ou seja, aprendendo as vogais, depois as consoantes e tentando formar sílabas e até palavras, a professora trazia histórias, encenava com bichinhos. Cada dia era diferente e cada vez melhor. Era um mundo novo e fascinante na minha vida.
Porém, em final de maio, daquele mesmo ano, tivemos que nos mudar de cidade e ocorreu uma mudança brusca em minha vida. Mudou a cidade, mudou a escola e, principalmente, mudou a professora. Esta agora mais velha, carrancuda, rabugenta e arcaica. Como já sabia ler e entender o que lia, acredite você ou não, ela me deixava sem fazer nada em sala de aula, pois os outros meus colegas ainda não sabiam ler, e enquanto eles não soubessem, eu não poderia ir adiante. Não havia nada de inovador como contar histórias, mostrar bichinhos, ou cantar. Era só cópia de alguma coisa que colocava no quadro. Eu detestava. No segundo ano, não foi muito diferente. Minha professora era filha da rabugenta, e não sabia nem por onde começar a dar uma aula. E, assim, mais um ano se passou. Já na 3ª série, em outra cidade. Foi uma experiência assustadora, mas ao mesmo tempo gostosa. Era uma cidade bem maior do que as outras duas das quais eu já tinha morado. Não havia incentivo à leitura, era uma educação bem tradicional. A 4ª série também foi semelhante. Entrando na 5ª série, comecei novamente a ter um contato maior com os livros. Mas a importância da leitura se perdia entre greves, recuperações de aulas, era tudo “atropelado”. As práticas de leituras não eram direcionadas e nós íamos à biblioteca e retirávamos qualquer livro. Tenho a recordação de um livro que se intitulava O Caso da Borboleta Atíria , achei muito infantil, não gostei. E que eu me lembre foi só esta leitura na 5ª série.
Já na 6ª e 7ª séries a minha estimulação foi bem maior. Não lembro da ordem correta, mas lembro dos seguintes livros: O Menino do Dedo Verde, Um ônibus do Tamanho do Mundo, A Hora do Amor, O Pequeno Príncipe, e outros mais dos quais gostei muito de ler. A melhor recordação que tenho é da minha 8ª série, com a professora Ivoni ( acho que foi nesta época, mesmo sem saber, que me decidi fazer Letras). Muito rígida, mas ao mesmo tempo, brincalhona e amiga, trazia diversos tipos de leitura e de livros, desde poemas como Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes pelo qual sou apaixonada , até Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo. Além dos Livros como O último Tiro, este comprado na Feira do Livro em Porto Alegre. Ela tinha a coragem de nos levar de ônibus de linha comum, fora do horário de aula, para a Feira do Livro , na praça da Alfândega, em Porto alegre. Nesta época comecei a buscar outros tipos de literatura fora das bibliotecas escolares. Gostava de ler romances como os livros de Sidney Sheldon, Sabrina, entre outros. Ivoni era uma mulher admirável. Ainda bem que a tive como professora, pois devo parte do que sei e do que gosto como leitora a ela. E, hoje, tento ser um pouquinho do que ela foi para mim, para os meus alunos.
Um livro que marcou muito a minha adolescência foi Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, pois relatava as peripécias de um jovem extremamente alucinado pela vida. A partir desta fase, já no antigo 2º Grau, comecei a ter contato com a Literatura Brasileira, tanto lições de escolas literárias como os livros. Li quase todos aqueles recomendados pelo vestibular: Machado de Assis, Álvares de Azevedo, Joaquim Manoel de Macedo, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e mais... O interessante é que minha mãe os comprava. O professor pedia e ela fazia de tudo, mas conseguia dar um jeito de comprar, embora nossas condições financeiras não fossem das melhores. Hoje em dia se pedirmos para um aluno comprar um livro de literatura, nas escolas públicas, no outro dia a mãe vai até a escola, para dizer que ela não tem obrigação com isto, que a obrigação é da escola. OBS.: sempre estudei em escola pública.
Ao sair do 2º grau, decidi fazer vestibular para Farmácia, influenciada por um antigo namorado que fazia medicina, por sorte não passei. Então, resolvi trabalhar para ajudar a minha família , que até então, me sustentava. Passou-se um ano e uma idéia martelava na minha cabeça: fazer ou não fazer uma faculdade? Fui me inscrever no vestibular da Unisinos para Letras. Tive uma boa surpresa, pois passei. Chegando lá, deparei-me com disciplinas bem difíceis. No início era um monte de teorias da literatura, livros complexos, as aulas de latim, professores que apenas apontavam as leituras já supostamente feitas por nós. Um mundo bem mais complicado do que eu estava acostumada. Na verdade, eu esperava mais das aulas. Esperava que me dissessem como fazer as coisas e não era o que acontecia. Eu tinha apenas uma orientação e indicações de leituras sobre as teorias e autores que falavam sobre determinado assunto. Diferente da escola, eu é que tinha de ir atrás do conhecimento, nada vinha pronto. Um livro que ficou marcado é Videiras de Cristal, de Luis Antônio Assis Brasil, autor gaúcho e que fala sobre a colonização alemã aqui no Rio Grande do Sul. E como não poderia deixar de ser obra explorada na cadeira de Literatura Gaúcha.
Atualmente tenho de me desdobrar entre a escola, a casa, a filha, as aulas do Gestar, para conseguir ler um livro. Ainda assim, encontro um tempo para ler.