A LINGUAGEM É A ROUPAGEM DO PENSAMENTO ( Samuel Johnson)
A cada encontro as professoras se mostram mais interessadas e entusiasmadas com as atividades do Gestar II, é muito gratificante.
Neste encontro exploramos o TP4 com a análise de perguntas (Por que e para que perguntar). Primeiramente analisamos as perguntas feitas sobre o texto Admirável mundo louco de Ruth Rocha, página 118, 119 e 120. Após analisamos o texto da página 121, que nos mostra como as perguntas são elaboradas. A partir desta análise e e dos conhecimentos que tive na graduação montei um esquema para a elaboração de perguntas de um texto. As professoras acharam muito positivo e proveitoso, já que algumas nunca tinham visto este processo de elaboração de perguntas em seus cursos de graduação. O esquema é o seguinte:
Instruções para a elaboração de perguntas
Tipos de perguntas:
Tipos de perguntas:
Resposta no texto: aqui (Respostas claras apresentadas no texto – diretas, explícitas)
Resposta no texto: pensa e procura ( Apesar da resposta estar clara no texto, o aluno precisa pensar e elaborar, exigem do leitor uma busca mais cuidadosa.)
Resposta na tua cabeça: o autor e tu ( Resposta pessoal, baseada em valores e percepção de mundo de acordo com o que o autor apresenta. Enfim, a resposta é dada de forma indireta no texto, mas o aluno precisa contar com seus próprios conhecimentos na formulação da resposta.)
Resposta na tua cabeça: só tu ( Resposta elaboradas a partir do que o aluno pensa, demonstrando seu gosto pessoal, suas preferências e aversões)
A partir das explicações contidas no TP4 e deste esquema de perguntas , foi proposta às professoras que elaborassem perguntas para o texto a seguir:
Edmundo, o céptico
Cecília Meireles
Naquele tempo, nós não sabíamos o que fosse o cepticismo. Mas Edmundo era céptico. As pessoas aborreciam-se e chamavam-no de teimoso. Era uma grande injustiça e uma definição errada.
Ele queria quebrar com os dentes os caroços de ameixa, para chupar um melzinho que há lá dentro. As pessoas diziam-lhe que os caroços eram mais duros que os seus dentes. Ele quebrou os dentes com a verificação. Mas verificou. E nós todos aprendemos à sua custa. (O cepticismo também tem o seu valor!)
Disseram-lhe que, mergulhando de cabeça na pipa d’água do quintal, podia morrer afogado. Não se assustou com a ideia da morte: queria saber é se lhe diziam a verdade. E só não morreu porque o jardineiro andava perto.
Na lição de catecismo, quando lhe disseram que os sábios desprezavam os bens deste mundo, ele perguntou lá do fundo da sala: “E o rei Salomão?” Foi preciso a professora fazer uma conferência sobre o assunto; e ele não saiu convencido. Dizia: “Só vendo.” E em certas ocasiões, depois de lhe mostrarem tudo o que queria ver, ainda duvidava. “Talvez eu não tenha visto direito. Eles sempre atrapalham.” (Eles eram os adultos)
Edmundo foi aluno muito difícil. Até os colegas perdiam a paciência com as suas dúvidas. Alguém devia ter tentado enganá-lo, um dia, para que ele assim desconfiasse de tudo e de todos. Mas de si, não: pois foi a primeira pessoa que me disse estar a ponto de inventar o moto contínuo, invenção que naquele tempo andava muito na moda, mais ou menos como hoje, as aventuras espaciais.
Edmundo estava sempre em guarda contra os adultos?: eram os nossos permanentes adversários. Só diziam mentiras. Tinham a força ao seu dispor (representada por várias formas de agressão, da palmada ao quarto escuro, passando por várias etapas muito variadas). Edmundo reconhecia a sua inutilidade de lutar; mas tinha o brio de não se deixar vencer facilmente.
Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (ah! Delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinquenta fitas de dentro de um só... e o copo d’água ficar cheio de vinho...
Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais. Disse: “Eu não acredito!” Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando... (Edmundo estragava tudo. Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?).
Cecília Meireles
Naquele tempo, nós não sabíamos o que fosse o cepticismo. Mas Edmundo era céptico. As pessoas aborreciam-se e chamavam-no de teimoso. Era uma grande injustiça e uma definição errada.
Ele queria quebrar com os dentes os caroços de ameixa, para chupar um melzinho que há lá dentro. As pessoas diziam-lhe que os caroços eram mais duros que os seus dentes. Ele quebrou os dentes com a verificação. Mas verificou. E nós todos aprendemos à sua custa. (O cepticismo também tem o seu valor!)
Disseram-lhe que, mergulhando de cabeça na pipa d’água do quintal, podia morrer afogado. Não se assustou com a ideia da morte: queria saber é se lhe diziam a verdade. E só não morreu porque o jardineiro andava perto.
Na lição de catecismo, quando lhe disseram que os sábios desprezavam os bens deste mundo, ele perguntou lá do fundo da sala: “E o rei Salomão?” Foi preciso a professora fazer uma conferência sobre o assunto; e ele não saiu convencido. Dizia: “Só vendo.” E em certas ocasiões, depois de lhe mostrarem tudo o que queria ver, ainda duvidava. “Talvez eu não tenha visto direito. Eles sempre atrapalham.” (Eles eram os adultos)
Edmundo foi aluno muito difícil. Até os colegas perdiam a paciência com as suas dúvidas. Alguém devia ter tentado enganá-lo, um dia, para que ele assim desconfiasse de tudo e de todos. Mas de si, não: pois foi a primeira pessoa que me disse estar a ponto de inventar o moto contínuo, invenção que naquele tempo andava muito na moda, mais ou menos como hoje, as aventuras espaciais.
Edmundo estava sempre em guarda contra os adultos?: eram os nossos permanentes adversários. Só diziam mentiras. Tinham a força ao seu dispor (representada por várias formas de agressão, da palmada ao quarto escuro, passando por várias etapas muito variadas). Edmundo reconhecia a sua inutilidade de lutar; mas tinha o brio de não se deixar vencer facilmente.
Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (ah! Delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinquenta fitas de dentro de um só... e o copo d’água ficar cheio de vinho...
Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais. Disse: “Eu não acredito!” Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando... (Edmundo estragava tudo. Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?).
Perguntas elaboradas pelas professoras:
1. As pessoas borreciam-se com Edmundo. Por quê?
2. Quais eram as inquietações de Edmundo?
3. Leia o 6º parágrafo com atenção e responda:
a) Por que ele não se deixava vencer pelos adultos?
4. Após a leitura atenta do texto Edmundo, o céptico, o que você faria para ajudar Edmundo a respeitar as opiniões alheias?
Após a elaboração destas perguntas, fizemos a atividade 8 do TP4, página 130 (ordenação dos parágrafos) e atividade 9 TP4, página 132 (análise de frases incoerentes contidas no texto).
Foi discutido também o texto Por que meu aluno não lê? da página 147, que havia ficado como dever de casa. Chegamos a conclusão de que o aluno deve ler por prazer e não por obrigação. Devemos é despertar nele o prazer da leitura e não obrigá-lo a fazer "fichas de leitura", porque desta forma ele irá apenas fazer algo mecânico , muitas vezes, só pegando o resumo de trás do livro e não tomando gosto pelo conteúdo.
A seguir lemos o texto A redação e o dicionário de Lygia Bojunga Nunes. Surgiu a pergunta Como corrigir as redações? Chegamos a conclusão que devemos nos preocupar mais com o conteúdo e criatividade do aluno, porém não devemos deixar passar os erros gramaticais. Mas ainda permanecemos na dúvida de como fazê-lo sem ficar rabiscando por inteiro a redação do aluno. E assim terminamos este encontro, ainda com alguns questionamentos.
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